A minha melhor prenda de natal é, sem dúvida nenhuma,
a relação com os meus filhos. Vá, chamem-me lá de mãezona à vontade, nada
contra. Tenho um imenso orgulho em sê-lo; ocupo-me muito da sua formação
pessoal, da relação que estabeleço com eles, da deles
consigo próprios e com a sua integração no mundo. Afinal, estou a moldar seres
humanos, como uma oleira, e é importante moldar ou ajudar a formar pessoas de
barro de boa qualidade para se inter-relacionarem e interferirem no mundo
positiva e belamente. Essa é também a melhor prenda que posso oferecer ao
mundo, bons seres-humanos.
A comunicação e cumplicidade que temos
juntos ajuda-me também a ajudá-los - a chegar até eles e auxiliá-los a encontrarem
as suas próprias soluções, a lidarem, também, com a doença e as suas
dificuldades inerentes.
Ver os meus filhos a colherem frutos e a
semear a própria felicidade é melhor ainda. Sei que para eles a melhor prenda
que lhes posso dar é o meu
tempo e a minha atenção que se converte num carinho, no ouvir um desabafo,
assistir a uma parvoíce que me querem mostrar, cantar no
carro, dançar com eles na cozinha ou na sala.
A doença e as dificuldades deles
ensinaram-me a separar o trigo do joio da vida, a saber encontrar os pequenos
presentes da existência com mais simplicidade. As características que fazem
deles especiais de corrida, foram também um presente para mim: fizeram-me aprender
a parar, a olhar, a auscultar e contemplar a vida
ainda com mais simplicidade. Sem dúvida que fizeram de mim uma melhor pessoa. Sou
muito grata por esta aprendizagem e muito feliz por vê-los tão em paz com todas
as perspectivas que compõem a realidade da vida. Uma paleta de cores, não é
mesmo?
Desejo-vos o que desejo para mim, calma
e serenidade interior, tempo, muito tempo, para podermos contemplar o dia a
nascer, a árvore a crescer e a estrada a
estender-se. Digo à minha filha muitas vezes que a vida não são as coisas que
temos, mas as que fazemos, O que é a
vida, Matilde? As coisas que fazemos, responde já em automatismo mas com o
coração a sorrir. A vida não é cor-de-rosa, não tem de ser. Cá em casa temos
pincéis e tintas por toda a parte. Todos os dias pintamos a vida.
Obrigada por me lerem, aturarem,
partilharem e passarem a palavra.
Votos de um Feliz e caloroso Natal!
- 15:41
- 0 Comentários