Tranquilidade | Dificuldades de Integração Sensorial
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Matilde, estás a tocar tão devagar! Que bem! A maioria dos meninos da
tua idade só quer tocar depressa. És tão tranquila a tocar. Disse-lhe a
professora de violoncelo no fim da aula. O meu coração de mãe sorria
profundamente. Claro que se sente um enorme orgulho pela capacidade técnica
demonstrada pela pequenita, mas o que me fez sorrir e aconchegar o coração foi
ouvir a professora a falar da tranquilidade da pequenita. Que vitória! Que “conseguimento”!
Ela que tem a agitação física e interna a atrapalhar-lhe o quotidiano tal pedra
no sapato... És tão tranquila a tocar... música para os meus ouvidos, estas palavras.
Foi uma das principais razões que
nos levou a inscrever a Matilde na música, na EMCN em particular, dada a sua
oferta tão completa. O desenvolvimento da concentração que estes miúdos
adquirem. O controlo sobre as suas emoções. O poder explorá-las, conhecê-las e com isso o
apaziguamento interno.
A aula de Violoncelo decorre em
regime individual. A aluna e a professora. Um tempo só para elas. O “silêncio”,
a concentração, a disciplina mas também a descoberta da beleza da melodia. A
Arte tem esta função de nos fazer mergulhar em nós e no ambiente. Oferece-nos o
silêncio e o olhar como meio de contemplação e entendimento. E porque os
processos criativos levam o seu tempo, ensinam a esperar, a compreender o tempo
das coisas. A Arte é terapêutica.
É óbvio que as aulas de música
não resolvem toda a agitação da Matilde. Nada a fará desaparecer nem tal
pretendemos. Faz parte da Matilde. A verdade é que as manifestações das suas
dificuldades de integração sensorial – que a levam a esta agitação – jamais desaparecerão,
umas darão lugar a outras com certeza, mas a Matilde poderá adquirir
ferramentas que a levem a reconhecer quando a sua agitação a está a prejudizar
no dia-a-dia e a controlar o que consegue por meio delas. O que se pretende é
só isto. Adquirir ferramentas que tornem a sua vida mais salutar.
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