Lisboa mais acessível!

13:06




No outro dia andei a passear a pé pelo Saldanha e fiquei tão feliz! Já sabia há muito dos passeios rebaixados a pensar nas pessoas que têm mobilidade reduzida, mas andar por lá e com os pés poder tirar as medidas àqueles passeios,  passadeiras com e sem semáforos,  a largura,  a estreiteza suave de piso.  Fantástico! 

Agora sim, o Saldanha, assim como toda a Avenida e algumas outras zonas de Lisboa, está equitativo e inclusivo. As cadeiras de rodas já podem deslizar,  atravessar a estrada sem receio da altura do passeio possibilitar encontrar o chão como destino. Mas não é só quem usa cadeira de rodas que tem mobilidade reduzida. Quem tem uma doença que acometa a marcha, a partir de algum momento passa a ter a marcha reduzida,  basta o músculo da perna não dar resposta em tempo útil,  por exemplo,  como no caso de uma CMT mais desenvolvida. Nestes casos, em que levantar uma perna cujo músculo não tem a força necessária para sustentar o movimento e a própria perna,  o rebaixamento do passeio representa uma ajuda extra numa acção diária. 



Agora, podemo-nos todos espraiar nos largos passeios. Já ninguém se atropela. Todos se movimentam sem percalços, sem ver diminuída a sua dignidade e sem ter de provar  a força da sua personalidade a cada acção que intenta na rua... argh!!! Eu sei! Ainda não chegámos a tanto. Era só o meu optimismo exuberante a ganhar entusiasmo.

Ainda falta muitíssimo por fazer. Quase que vos oiço ao meu ouvido: mas é só em Lisboa, Susana, e nas ruas e avenidas principais para turista ver e ficarmos bonitos na fotografia... Bem, respondo sim e não a essas questões. Sim, têm razão, é em Lisboa e é sempre primeiro em Lisboa para turista ver. É verdade. Mas por algum lado tem de se começar. Antes pelo sítio "errado" do que por nenhum, antes pelo "motivo errado" do que não acontecer nada. As coisas são mesmo assim, recorrentemente assim. 



Este é apenas um primeiro tijolo -  muito bem-vindo, na minha humilde opinião - duma construção que se quer grande e sólida: a dos direitos humanos e cívicos de quem têm deficiência, mas eu gosto de celebrar cada vitória, cada ganho, cada passo em direcção ao correcto. Tudo é uma questão de perspectiva e forma de estar na vida. Há que não fechar os olhos face ao que está por fazer, vestir o fato-macaco todos os dias e arregaçar bem as mangas. Mas a cada sucesso, aplaudir.


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